sexta-feira, 8 de agosto de 2008

ESPIRITO DE BARNABÉ? VOCÊ ESTÁ DENTRO?

Amados e Amadas do Senhor, travei conhecimento de um sermão pregado pelo meu professor João Alves dos Santos sobre Barnabé e ele acabou me inspirando para, cativo às Escrituras, me colocar no estudo sobre o que Barnabé tem a nos ensinar enquanto igreja, povo de Deus, nesse tempo em que a igreja encontra-se carente de amor, tolerância, e de homens e mulheres que não coloquem seus interesses particulares acima do senso de seriedade para com a Obra de Deus.

Barnabé em Atos 4.34-37, é nos apresentado como alguém que estava sintonizado com o espírito de unidade e companheirismo da igreja em Jerusalém, que no seu primeiro século vivia o que eu poderia chamar de "o conceito 100% do que vem a ser igreja".

Eles eram liberais na condução de suas vivências financeiras porque criam que tudo o que eles possuiam deveriam ser usados totalmente no abastecimento das necessidades de todos. Enfim, eles tinham uma visão de que quem cresce no coletivo, cresce também no pessoal.

A lógica deles no que diz respeito ao dinheiro, contagiou a Barnabé que tendo um campo (tudo nos leva a crer que era o único que tinha) o vendeu e colocou todo o dinheiro aos pés dos apóstolos. Dois destaques dá para fazermos:

Primeiro, Barnabé que era da linhagem de Levi, acaba sustentando aqui em seu tempo, e isso voluntariamente, uma tradição pertencente à sua ascendência levítica, quando o próprio Deus havia determinado que Levi teria como herança o próprio Senhor, em conformidade com Deuteronômio 10.9: "Por esse tempo o Senhor separou a tribo de Levi, para levar a arca do pacto do Senhor para estar diante do Senhor, servindo-o, e para abençoar em seu nome até o dia de hoje".

Segundo, Barnabé em comum acordo com os outros crentes, colocava todo o valor de ofertas aos pés dos apostólos (Atos 4.34,37). Interessante que dinheiro tem que ser colocado nos pés da gente, sobretudo os líderes na igreja. Não é a toa que John Wesley costumava dizer que quando recebia algum dinheiro fazia questão de gastar o mais rápido e mais bem aplicado possível para que o mesmo não encontrasse o caminho de seu coração!

Ainda em Atos 9.26,27 vemos Barnabé acolhendo a Saulo, antes um ferrenho perseguidor da igreja e agora um novo convertido que precisava de amparo e um voto de confiança.

Era compreensível, sem dúvida, o medo por parte da igreja em acolher a Saulo, uma vez que eles não criam ainda de que a decisão por Jesus havia sido tão definida assim... mas, Saulo, como diz o verso 27, "tomou Saulo consigo..." em outras palavras, chamou-o para uma caminhada junto, mais perto, acolheu-o em seu peito, deu-lhe condições de ter destrancadas as algemas do coração e o resultado foi um investimento amigo e altruísta.

Quando Barnabé estava em Antioquia se alegrando com a graça de Deus naquela crescente igreja, foi atrás de Saulo e fez questão de investir nos seus dons e talentos (Atos 11.21-24).

Jóia é que Barnabé teve humildade em reconhecer que Paulo era muito melhor que ele! Pregava melhor, era mais aguerrido, mais aplicado, mais enérgico, vibrante e tudo o mais... por isso, fez questão de investir no ministério de seu liderado com graça e ternura. De líderes assim que estamos em falta hoje: homens e mulheres que admitam que precisam investir nos mais jovens, sobretudo quando eles são melhores do que os próprios mestres!!!

Foi Mattew Henry que fez esse comentário sobre essa situação toda: Barnabé "não parou pensar que poderia ser sobrepujado e ofuscado pela mente arguta e bem treinada do vigoroso Saulo de Tarso. O interesse em jogo não era o seu, mas o de Cristo. Foi buscar a Paulo para que o ajudasse, aquele que logo passaria para a linha de frente, deixando-o em segundo plano. Barnabé estava interessado na realização da obra, não na promoção do seu nome. Estaria contente à sombra de Paulo, desde que a obra fosse feita e bem feita."

Merece destaque também, a passagem de Atos 13.36-39 quando Paulo tem a oportunidade de ouro de fazer com João Marcos o que Barnabé havia um dia feito a ele, isto é, acolhimento e ternura mesmo com alguém errante e principiante, mas o texto aborda um Paulo radical que diz: "João Marcos não está apto para o ministério".

Barnabé e Paulo acabam discutindo severamente e Barnabé aceita dar um voto de confiança ao jovem João Marcos, ele enxergou o garoto com os "olhos de Deus". E mais tarde, vemos que ele tinha razão, pois João Marcos transforma-se em um baita colaborador do apóstolo Paulo, a ponto dele em I Timóteo 4.11 mandar chamá-lo enfatizando que era lhe era "muito útil".

Algumas aplicações para a minha vida e a de nossa liderança:

(a) Deus está nos chamando para sermos líderes que confiem nas pessoas, mesmo quando todas as possibilidades são contrárias, aliando firme na disciplina com a doçura do aconchego.

Nisso precisamos tanto do espírito aguerrido de Paulo, mas sem destoarmos da ternura estampada no perfil de Barnabé. É nesse ponto que eu faço uma critica aos modernos métodos de crescimento de igreja que acabam privilegiando sempre o mais expressivo, o melhor e o mais excelente e acabam se deixando levar pelos padrões marqueteiros de nosso tempo! Igreja não é empresa, gente, precisamos compreender que em nosso contexto bíblico e vivencial o melhor nem sempre é o mais bem preparado e sim o que encontra-se disponível ao trabalho de Deus.

b) Precisamos de líderes que saibam lidar com a crise de serem substituidos por liderados que sejam melhores, sem orgulho encastelado, sem amor excessivo ao poder e à posição. Infelizmente encontramos em nosso meio pastores e líderes que usam a velha e demoniaca mania de "puxar o tapete" de quem está começando, justamente temendo que amanhã ele tenha de ser liderado por um discípulo seu. Quando orgulho!

(c) Temos de ver na igreja, adultos mais velhos que compreendam que os mais jovens ("João Marcos") precisam de constante investimento e não apenas de críticas ferozes. Há pessoas mais idosas que só vêem pontos negativos nos jovens, nunca elogiam, nunca têm para com eles um senso de graça. Precisamos compreender que não adianta insistirmos nesse tom pessimista! Aqueles que hoje estão em nosso meio, mesmo com as suas traquinagens infantis precisam de um peso de confiaça para que amanhã, eles venham a tornar-se líderes expressivos em nosso meio!

Interessante que li em algum lugar que o nosso diretor geral (CBB), pr. Socrátes disse que muitas convenções estaduais elegeram jovens para o posto de presidente, isso é termomêtro desse tempo que vivemos em que precisamos de "Barnabés", isto é, homens e mulhres que saibam que uma palavra amiga, uma exortação e um incentivo (não é a toa que Barnabé é "filho da consolação ou da profecia") será sempre bem-vinda!

Que surjam "Barnabés" em nosso meio, gente graúda que investe nos "pequenos" com espírito tolerante e que enxerguem "Paulos" e "João Marcos" que precisam de investimento!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

NINGUEM FAZ NADA SOZINHO!

“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Salmo 133.1).

Perguntado a cerca de uma hora no programa de TV da Fabiola (“Programa Vida & Saúde", TV MASTER) qual era o meu maior destaque nas nove edições da “Grande Festa do Milho” eu respondi sem pestanejar: “a força dos nossos voluntários”.

Esse ano nós firmamos contato com um bom “Grupo de Trabalho” com vinte cooperadores, dentre estes há destaque para 04 coordenadoras e outros 16 líderes de barracas e de áreas estratégicas da Festa. Estamos estimando para esse ano 200 voluntários dedicando-se diuturnamente nos dois dias desse fim de semana (09 e 10 de agosto).

Além disso, tudo vamos contar com cooperadores pertencentes de outras igrejas evangélicas e pessoas queridas de nossa comunidade que, mesmo não pertencendo ao nosso grupo de irmãos de fé participarão porque vêem na Festa do Milho uma oportunidade de uma integração saudável entre a comunidade e a igreja. Cremos que frutos espirituais virão dessa união!

Nossa Festa é um dos poucos eventos evangélicos em que o apoio do Poder Público é prezado pela lisura e legalidade de processos, sem qualquer conotação político-partidário. O nosso povo é doutrinado a ser livre no exercício da política sem firmar alianças espúrias e perigosas com o adesismo político de última hora. Somos livres, e como bons batistas defendemos a completa separação entre igreja e Estado!

A força do nosso povo me emociona! Lendo esse verso acima destacado algumas realidades me vêem à mente:

01) Causa delicia a alma humana ter alguém a quem compartilhar algum projeto que seja nobre.

O texto diz como que num suspiro: “oh! Quão bom e suave...”. No mundo competitivo e carnal que vivemos, estamos sempre nos esbarrando na já famosa lei de Gérson: “o negócio é levar vantagem em tudo”.

Recentemente fiquei surpreendido ao saber que, logo na porta do hospital que trata de pacientes com câncer na cidade do Rio de Janeiro há uma mulher que monta a sua barraca para vender perucas! Isso mesmo! Ela aproveita o filão de pessoas que saem adoecidas emocionalmente pela aplicação danosa (embora seja terapêutica) de quimioterapia para apresentar um produto aquelas que certamente perderão seus cabelos naturais! Pode ser algo do “jeitinho carioca de ser”, mas me parece altamente de mau gosto e despropósito!

Agora quando somos chamados a viver um compartilhamento tão visceral da dor do nosso próximo a ponto de estarmos unidos com ele, e não meramente juntos, podemos exclamar: “isso é bom e agradável!!!”. A sociedade está carente de pessoas que tenham no coração o interesse de manter relacionamentos que sejam desinteressados de outros valores que não o de, pura e simplesmente, amar e ser amado!

02) Tem que haver constância na caminhada de amor solidário envolvendo as pessoas.

Repare comigo que o texto diz: “vivam em união”. Não se trata de viver hoje e depois parar de viver em união. É viver em união, envolve uma dinâmica muito mais ativa e presente. Nada de algo fortuito e sem continuidade.

Olha, certa feita ouvi uma frase feliz: “quando se sonha sozinho é apenas um sonho, quando se compartilha esse sonho, ele se torna realidade”. Viver em união implica em fazer valer a preocupação de orbitar a nossa vida em torno do outro e não de nós mesmos! Não podemos aceitar sermos verdadeiros parasitas sociais, olhando apenas para nosso próprio umbigo. Aceitamos o desafio de fazer do outro nossa agenda de vida!

Vivermos em união é a nossa grande obsessão e sempre dependendo uns dos outros, uma vez que todos são importantes. Não podemos ser como aquela centopéia de uma crônica conhecida: o macaco lhe perguntou qual das cem perninhas ela mexia primeiro para caminhar. Ela então parou, pensou, pensou e nunca mais voltou a andar.

Não importa quem é o principal. Na ótica de Jesus o maior é aquele que serve e não aquele que é servido! Não se esqueça disso! (Lucas 22.26)