sábado, 1 de novembro de 2008

SENHOR, O SEU AVIVAMENTO PODERIA SER DERRAMADO HOJE!

"Não existe nada novo na teologia, exceto o erro". (C. H. Spurgeon)

Deus tem me dado oportunidades singulares de conviver com irmãos e irmãs que têm comungado do desejo do Senhor romper os céus com um avivamento incrível no meio de seu povo. Enquanto teclo essas palavras aqui, com a companhia de meu garoto no computador do lado, vejo-me no desejo desesperado de clamar por misericórdia do Senhor sobre a minha pálida existência com um vislumbre de sua glória e de seu amor extravagante!

Richard Owen Roberts, um profundo estudioso da história dos avivamentos tem escrito livros e artigos em que ele pinça alguns episódios vividos por aqueles que ansiavam buscar ao Senhor e o encontraram no roldão de grandes experiências com o Espírito Santo de Deus! Ele certa feita fez um comentário que até os dias de hoje me perturba: "logo que se torna evidente que a imoralidade está crescendo, e que a espiritualidade está caindo, uma igreja biblicamente equilibrada e viva não começará a culpar ingenuamente o mundo, mas imediatamente reconhecerá sua própria cumplicidade."

É impossível ler essa fala sem observarmos o quanto nós estamos envolvidos em uma cultura eclesiástica tão distante do ideal divino que assistimos ao esfacelamento de nossos valores bíblicos e doutrinários e, enquanto isso, assistimos passivamente os noticiários sem nos importarmos que somos NÓS os maiores responsáveis desse caos todo! Está faltando sal e luz na terra e no mundo, e a igreja do Senhor encontra-se tão encastelada em sua estrutura faraônica que esquece-se do mundão que precisa ser alcançado com o favor do Senhor.

Temo de estarmos fazendo juz à parábola contada por Kierkegard: Ele conta que um circo se instalou próximo de uma cidadezinha dinamarquesa. Este circo pegou fogo. O proprietário do circo vendo o perigo do fogo se alastrar e atingir a cidade, mandou o palhaço, que já estava vestido a caráter, pedir ajuda naquela cidade a fim de apagar o fogo, falando do perigo iminente. Inútil foi todo o esforço do palhaço para convencer os seus ouvintes. Os aldeões riam e aplaudiam o palhaço entendendo ser esta uma brilhante estratégia para fazê-los participar do espetáculo... Quanto mais o palhaço falava, gritava e chorava, insistindo em seu apelo, mais o povo ria e aplaudia... O fogo se propagou pelo campo seco, atingiu a cidade e esta foi destruída.

É fato que o mundo tem olhado para a igreja e rido de nossa desunião, da falta de uma identidade cristã definida, de nossa ânsia em imitarmos os modelos de crescimento das empressas de sucesso, de nossos pastores-políticos e políticos-pastores, da leviandade de nossa palavra empenhada, de nosso orgulho denominacional, de nossos cânticos doidos, de nossa falta de sensibilidade social, enfim de nosso fracasso como povo que se chama pelo nome do próprio Deus!

Clamo por um avivamento, e ele tem as seguintes marcas que julgo que sempre acompanham os movimentos que tem como gênese o coração amoroso de nosso Deus:

- Um avivamento que crie uma forte convicção de pecados em nosso povo, onde a consciência viva da corrupção interior afasta a auto-suficiência e a auto- estima.

- Um avivamento que seja marcado pelo temor de Deus e uma renovada apreciação de sua grandeza e majestade.

- Um avivamento que traga beneficios valiosos como a intimidade com Deus e a descoberta do propósito dele para a vida de seus filhos.

- Um avivamento que crie uma renovada urgência para completar a tarefa missionária que Jesus deixou para a sua igreja.

- Um avivamento que traga como marcas da atuação divina o surgimento de milagres e prodigios nas reuniões dos santos.

- Um avivamento que crie uma unidade espiritual entre os membros da família de Deus, que inclui todos os irmãos que crêem nos lemas da Reforma: tradicionais e pentecostais.

- Um avivamento que faça os crentes buscarem incansavelmente a santificação.

- Um avivamento que crie nos cultos uma atmosfera de adoração verdadeira que domina o coração de toda a congregação.

- Um avivamento que cria um amor que brilha nos olhos dos que foram surpreendidos pela bondade de Deus.

- E, por fim, um avivamento que cria prazer na prática da oração.

Compartilho com o Dr. Russel Shedd em seu livro, "avivamento e renovação", da Ed. Shedd Publicações todas essas marcas de um avivamento genuinamente bíblico. Termino essa postagem com um testemunho que não consigo deixar de registrar nesse artigo sobre este tema tão pertinente na igreja do Senhor Jesus.

Trata-se do testemunho de uma vida dedicada à oração, de uma senhora que abandonara a sua vida comum para se dedicar à meditação e aplicação nas disciplinas espirituais. Sua escola teológica era bem amparada pelos chamados "pais do deserto", com suas leituras e textos que versavam sobre a vida profunda de visitação constante ao trono da graça de Deus através do mergulho profundo em Deus! Seu nome: Madame Guyon (1648-1717).

Com seu relato sobre oração, termino meu artigo desprentencioso em si mesmo, mas encharcado da fé de que, ao menos em mim, Deus ministre graça para uma entrega maior na minha devocionalidade medíocre e irregular:

"Nada era mais fácil para mim do que orar. As horas passavam como momentos, enquanto não podia fazer outra coisa senão orar. O meu amor fervoroso não me permitia interrupção. Foi oração de regozijo e de possuir, sem a imaginação levando às reflexões forçadas. Era a oração da vontade (voluntária), não da cabeça. O sabor de Deus era tão grande, tão puro, sem mistura, sem interrupção, que atraiu e absorveu o poder da minha alma para uma reflexão, livre de discurso. Não desejava ver ninguém a não ser só Jesus Cristo. Tudo o mais foi excluído, para que pudesse amar com mais intensidade, sem motivos egoístas ou razões para amar."

terça-feira, 28 de outubro de 2008

PENSANDO ALTO SOBRE AVIVAMENTO!

"Todo avivamento genuino precisa realçar esse Deus sublime em amor, graça e soberania". (J. Edwards)

Avivamento é a intervenção de Deus em uma igreja morna, que convive de modo amistoso demais com o mundo em decomposição moral e espiritual. Fico pensando que tempos em tempos quando a medida da ira do Senhor em relação ao pecado sobeja em uma proporção divinamente impossível de suportar, Deus se agracia de si mesmo em enviar sobre os homens um "batismo de fogo e de poder".

Tenho me convencido de que, não se trata de maneirismos humanos ou traquejos de nossa humanidade perdida e caida, avivamento é coisa de Deus! Eu paro a fim de ler sobre avivamento e confesso, tenho dificuldades de segurar as lágrimas, pois começo a imaginar Deus se derramando como foi em 1904 na experiência de Evan Roberts, o galês que orava, "Senhor, dobra-me...". Esse clamor, que foi apenas um dos tantos que noticiamos nas histórias dos grandes avivamentos expressa um desejo de quebrantamento que supera, em muito aquilo que estamos vivendo em nosso tempo onde a mentira da prosperidade financeira como sinal da benção de Deus faz a cabeça dos Edir Macedos, RR Soares e tantos outros tresloucados de plantão!

Nos avivamentos os crentes não se preocupam com a terra, com os negócios, com as conquistas meramente materiais, eles não se punham a construir catedrais, eles oravam e movimentavam toda uma região com os valores impactantes do evangelho. O que aconteciam nos tempos áureos dos avivamentos é uma repetição de Atos dos Apóstolos quando as multidões diziam a respeito dos cristãos: "eis os que os tem alvoraçado o mundo (colocado-o de pernas para o ar) chegaram também até nós" (Atos 17.6).

(a) O mundo mudava em tempos de avivamento.

Isso foi estampado na Inglaterra no século XVII, quando os irmãos Wesley viajavam no país inteiro com as suas mensagens proclamadas nas praças, nos púlpitos e nas saidas das minas de carvão. Temos relatos de homens que com seus rostos empretecidos de carvão choravam copiosamente, com as lágrimas fazendo caminho brancos em seus rostos! Aleluia! Homens quebrantados pelo calor da mensagem e pela luz que vinha do entendimento do propósito maior de Deus ao criar o ser humano: tê-lo para si em intimidade!

(b) A igreja era balançada em tempos de avivamento.

Já não havia mais concessões a respeito do pecado. Congregados irregenerados não conseguiam assentar à mesa do Senhor para cear. Tudo era muito sério. Solene. Apoteótico. A vida da igreja era vivida na perspectiva dos santos. Hoje como carecemos de um avivamento! Há meninos nos púlpitos! Há moleques nos ministérios de música! Há crianças no diaconato! Não dá para mantermos esse estado de coisas, é tempo de uma intervenção radical de Deus tirando do meio de nós tanto joio, tanta gente perniciosa que só abre a boca para criticas mordazes e expressões de ridicularização de suas lideranças pastorais!

(c) O coração era moido em tempos de avivamento.

E sabe por que? Pelo senso de eternidade, de seriedade em relação à vinda do Senhor Jesus. Richard Owen Roberts, um avivalista que conheci recentemente pelas minhas leituras sobre o tema do avivamento disse algo extremamente relevante: "Não há como escapar do fato de que a questão do juizo faz parte integral da vida de um verdadeiro discipulo de Jesus. Uma das razões por que precisamos tanto de um avivamento hoje é justamente por termos deixado de lado esta questão de juízo e por o considerarmos como algo tão irrelevante para a vida do cristão."

Isso é sério, em tempos de avivamento as pessoas viviam na iminência do juizo de Deus e tremiam de pavor em relação ao dia da grande prestação de contas diante do Deus altissimo. Hoje o que temos é a banalização da vinda do Senhor Jesus, e já há até alguns renomados professores de seminário que já não creêm mais no arrebatamento da igreja!

Pensei alto demais já... paro por aqui... mas prossigo no entendimento de que precisamos orar como Habacuque: "Eu ouvi, Senhor, a tua fama, e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos; faze que ela seja conhecida no meio dos anos; na ira lembra-te da misericórdia" (Habacuque 3.2).