sexta-feira, 8 de maio de 2009

ADEUS, JEANNE!

Fui surpreendido na quarta feira, quando estava em meio ao Congresso de Pastores Batistas do Estado do Rio de Janeiro em Rio Bonito com uma notícia triste: o falecimento de Jeanne, uma jovem de 29 anos que, havia sido preparada para ser operada na garganta e não resistiu a um choque provocado pela anestesia pré-operatória!

Jeanne era membro de nossa igreja mas, em meio ao processo de transferência de membresia, o que tornava a situação bem intranquila, pois há exatos oito meses não nos falávamos com profundidade! Mas, pelo rigor do compromisso pastoral deixei tudo e voltei para Angra a fim de prestar à familia minha solidariedade. Logo, como de costume, parei para refletir sobre algo que possivelmente falaria à familia, e expus algumas idéias extraidas do texto de João 11.

No velório, realizado na Primeira Igreja Batista aqui da cidade, tive o privilégio de expor a Palavra, o que o fiz com senso de reverência, dor contida e espírito entregue ao Senhor! Salientei algumas verdades no texto de João 11 com dor e dependência do alto!

Mas, eu havia ainda no calor da notícia recebida rascunhado alguns outros princípios em meio à minha reflexão num dos bancos da rodoviária Novo Rio enquanto esperava o casal que estava à caminho de me buscar para levar de volta a Angra, e essas idéias que quero tornar público nesse artigo.

(a) Definitivamente, há coisas que não podemos levar para o túmulo.

Olhei para o rosto jovem de Jeanne e foi inevitável vir à lembrança de realidades que vivemos juntos. Sua decisão ao lado de Cristo foi em nossa igreja, seu batismo também, seu envolvimento ministerial (jovens, surdos, crianças) foi lá também. E, agora neste último tempo precipitado pelo seu processo de transferência me fiz relembrar de alguns pontos de conversa que poderíamos ter tido! Logo, orei ao Senhor para tirar isso de meu coração, mas foi bem mais forte que eu!

O que me consola é saber que ninguém vai embora dessa vida sem receber o preparo do Senhor, essa foi a palavra que o avô paterno de Jeanne se agarrou imediatamente após verificação do óbito de sua neta!

Mas, temos de tomar cuidado para não levarmos para o túmulo mesmo preparados pelo Senhor para aquele momento aquilo que para nós representa sonhos adiados, relacionamentos estremecidos, ressentimentos adormecidos e, sobretudo perguntas que não foram feitas! É impressionante, mas Deus nos dá oportunidades incomuns para sararmos nossa alma em todo o tempo de nossa existência aqui na terra, e, acontece que, vez por outra desprezamos uma e outra chance e quando vemos... a vida já se foi! E ficou apenas, saudade!

Sem entrar em detalhes eu gostaria de ter estado mais tempo com Jeanne, eu teria alguns esclarecimentos a fazer, mas fui contido pelas circunstâncias, mas eu me curvo ao Deus Todo Poderoso, crendo que, se Ele a chamou é porque para Ele ela estava preparada! Eu, admito, não sei de nada! Deus sabe de tudo!

(b) A morte não é linha de chegada, é linha de saída.

A verdadeira vida está começando para Jeanne. Nós é que estamos sendo-humanos, somos limitados pelo tempo, a eternidade está fora do tempo! Jesus disse: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês isto?" (João 11.25,26).

Quando morremos, não esperamos um tempo para a ressurreição, como eu disse ontem a ressurreição "já é"! Tudo acontece fora do nosso tempo, por isso não temos por que nos desesperar como aqueles que não tem a esperança em Cristo Jesus! A morte precisa ser reinterpretada em nossos corações, e eu sei que isso é difícil de elaborar, sobretudo na morte de uma jovem com 29 anos, formada em Direito, contratada pela Prefeitura, cheia de planos e projetos para o futuro, com um novo relacionamento de namoro e com desejo de servir a Deus em alguma outra igreja evangélica, tudo isso já constitui inexoravelmente em um nível altíssimo de expectativas! Mas, ai chega Deus e diz: vamos começar de verdade a sua caminhada?

A morte nada mais é do que isso, o inicio de uma caminhada com Deus. Ontem ouvi uma frase que ficou martelando em minha mente: "Jesus nasceu na cruz". Logo, aqui cabe uma pontual aplicação: nascemos já na realidade da morte, porque não podemos fugir do encontro com a mesma, em outras palavras, nascemos marcados para morrer!

Mas, Jesus reitera, que aquele que crê, jamais morre eternamente! É isso que importa!

Vai aqui um sincero e emocionado: "Adeus, Jeanne"! Naquilo que não ficou esclarecido entre nós, o Senhor lhe esclarecerá na eternidade! Não tenho dúvidas disso! E, creio que as pontuações, as respostas, as justificativas, enfim os arrazoados dados pelo Senhor serão muito mais contundentes do que os meus!

O que importa é que, a despeito do seu corpo não ter sido velado em sua igreja (de membresia oficial) o seu coração estará sempre conosco, na IBACEN, e isso ninguém poderá tirar de nós! Meus sinceros e efusivos: Adeus! Até breve!