sábado, 19 de dezembro de 2009

QUADROS NATALINOS!

Eu tenho uma predileção gratuita com o Natal. Já montamos aqui em casa a nossa "árvore", vivo ouvindo músicas natalinas pela TV, já pedi a voluntários de nossa igreja que sejam preparados os enfeites apropriados, enfim... agora, é só viver o clima natalino com toda a expressão de significado.

Quando leio o texto de Lucas 2.8-14 percebo três quadros que me encantam nesse tempo que celebramos a beleza do Natal. Antes, quero dar a minha posição sobre o levante de determinados sujeitos que, arrogando-se de posições ministeriais, estão a difamar o Natal: ora, se não se encontra nas Escrituras um mandamento para se celebrar o Natal, como há para se celebrar a morte de Jesus (celebração da Ceia), não encontro também nenhuma proibição. Além do mais, não consigo entender por que Deus permitiria em sua providência que tivéssemos acesso a tantos relatos lindíssimos sobre o nascimento do Messias se isso não configura-se um propósito pra aproveitarmos um tempo para uma sincera e profunda reflexão.

O primeiro quadro que me vem a mente no texto lucano é o da insignificância recebendo a significância. Os pastores de ovelhas que formavam uma das profissões mais detestáveis daquele tempo foram os escolhidos para assistirem a primeira festa natalina na história. Há um paradoxo formidável nesse relato histórico: as ovelhas que estavam sendo guardadas por esses pastores muito provavelmente eram as usadas em sacrificios no templo de Jerusalém. Logo, aqueles pastores que, pelos seus afazeres não tinham muito acesso ao templo, na realidade zelavam pelo cerne dos rituais sacrificiais, as ovelhas. Gosto de imaginar que aqueles pastores empobrecidos eram muito semelhantes aos nordestinos que vêm a São Paulo para trabalhar na construção civil, e trabalham com afinco na edificação de prédios que a eles nunca será permitido a entrada.

O aparecimento de "um anjo do Senhor" enobrece o perfil empobrecido dos pastores, e além de aparecer, ele diz categoricamente: "eu tenho o evangelho", isto é "eu trago novas de grande alegria...". O evangelho de Jesus é comunicado aos insignificantes de seu tempo. Isso reflete uma mensagem libertadora a todos os que sofrem pelas privações financeiras de nosso tempo perverso. O evangelho reacende no coração humano a chama da valoração. Em uma sociedade que mercadeja a auto estima, o evangelho vem para trazer a estima que só pode vir do alto. E não é a toa que é um anjo celestial que traz as boas noticias aos assustados pastores. O significante se tornou elemento de grande alegria aos insignificantes. Isso é que é "evangelho"... é a a demonstração viva de que só por causa do Natal de Jesus todos os homens podem ter acesso à graça irresistível de um Deus que zela pelos que são Seus.

O segundo quadro que me vêm à mente é o da miserabilidade acolhe a grandiosidade. Gosto da fala do pr. Hernandes Dias Lopes: "Ele é o Rei que nasceu servo, o Deus que se fez homem, o transcendente que Se esvaziou de Sua glória. O dono do mundo não nasceu num berço de ouro, mas num coxo de palha. O Criador dos céus e da terra, o Deus encarnado, diferente dos nobres deste mundo, não nasceu debaixo das luzes da ribalta, dos flashes da popularidade; ao contrário, não havia lugar para ele em Belém.'

O retrato não poderia ser mais pueril e destituido de glória humana: um estábulo mal cheiroso, uma mulher prestes a dar a luz, prestes a entrar em "trabalho de parto", um homem desavisado (era o primeiro filho...) e animais compartilhando desse espetáculo cruento e ao mesmo tempo magnifico. O Deus que se tornou menino para demonstrar que a partir daquele momento todos os nascimentos cruentos na história da humanidade não seriam mais dessassistidos de graça. Somos pois, tratados agora com honra em nosso nascimento mais humilde, porque o maior de todos experimentou um nascimento também nas piores condições.

Ora, um nenem envolvido em faixas, algo comum dentre as famílias pobres da Palestina. Agora, em uma manjedoura, algo único. Pensando nessa direção Martinho Lutero refletiu: “Para socorrer nosso nascimento pobre e miserável, Deus enviou um outro nascimento, que precisou ser puro e sem mácula, caso quisesse purificar o nosso nascimento impuro e pecador. Este é, pois, o nascimento de Cristo, o Senhor, e seu Filho unigênito."

O terceiro quadro que me vem à mente é o da transcendência visitando a imanência. Em um mundo onde sobejam os exércitos que se preparam para a guerra... o desenho de um exército do céu preparado para a paz. A adoração invadiu as campinas de Belém. O céu desceu na terra para glorificar a Deus e trazer paz aos eleitos do Senhor.

Assisti ao filme "Senhor das Armas" com Nicolas Cage. É impressionante como a bárbarie humana que financia as guerras despreza completamente o valor do ser humano em seu lugar no planeta Terra. Sempre me lembro da fala de Martin Luther King, ou a gente aprende a conviver juntos como irmãos, ou pereceremos todos como loucos. Mas, o quadro derradeiro de Natal que vejo no texto me repete a um exército, a uma mílicia celestial, que estava se preparando para declarar Paz. E isso tudo ao melhor estilo:

"Glória a Deus nas maiores alturas e Paz na terra aos homens de Boa Vontade".

Aos homens de boa vontade não se deve em hipótese nenhuma mentalizar "homens com vontade de fazer o bem", isto porque o homem é enfermamente mau e inclinado ao pecado. O sentido correto do texto reporta-se a "homens a quem o Eterno Deus derrama sua Boa Vontade". Quem tem "boa vontade" é Deus não é o homem.

Tenho que me render a esse espetáculo angelical, no primeiro Coral de Anjos que encontramos nas Escrituras em um misto de temor e tremor. Que nesse Natal ao celebrarmos o nascimento do Infante Jesus venhamos a valorizar esses quadros que para mim remete-me à constatação bem humilde de que em minha humanidade eu sou carente da graça de Deus, e preciso desesperadamente me render ao arbítrio do Deus Eterno para que haja sempre "glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra entre os homens de boa vontade".

Termino com as palavras de C.H. Spurgeon: "Não tinha havido paz na terra desde a queda de Adão. Porém, agora, quando o recém nascido Rei fez sua aparição, a faixa com a qual ele foi enrolado era a bandeira branca da paz. A manjedoura foi o lugar onde o tratado foi assinado, segundo o qual a guerra cessaria entre a consciência do homem e ele mesmo, entre a consciência do homem e seu Deus."

Um Feliz Natal!!!