segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

ANGRA VOLTARÁ A SORRIR?

(Jó 19:25) - Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.

As cenas de grandes chuvas que vejo na TV sobre a cidade de São Paulo parecem-me insistir em manter o meu coração sensível ao drama daqueles que ficam perdidos em meio ao caos da destruição inundante que chega em casa, destruindo sonhos e desesperando corações. O quadro sucessivo de tragédias climáticas nesse inicio de ano precisa levar-nos a sérias constatações acerca de nossa vida pessoal.

01. Será que temos nos importado como deveríamos?

A insensibilidade social é uma praga de nosso tempo. As pessoas, embora uma e outra demonstrem generosidade em todo o tempo, em geral manifestam expressões de egoísmo e raquitismo de alma quando são confrontadas com realidades de dor e sofrimento alheios. A impressão, é que embora o gênero humano tenha evoluído no quesito de conhecimento e tecnologia, ainda mantém sua alma no período pré-histórico, onde a caça aos alimentos, no quadro pintado pelos evolucionistas humanistas, era disputada entre homens e animais!

Soube de pessoas ricaças em nossa cidade que ficaram chateadas por não poderem exibir suas novas sinuetas com corpos lipoaspirados e peles bronzeadas artificialmente! Muitos são os que acharam um cúmulo desmedido a atitude do prefeito em cancelar a "procissão marítima" no dia primeiro e as comemorações do aniversário da cidade! Na realidade, esse quadro me lembra as "vacas de basã" condenadas pelo profeta agricultor, Amós:

(Amós 4:1) - OUVI esta palavra vós, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria, que oprimis aos pobres, que esmagais os necessitados, que dizeis a vossos senhores: Dai cá, e bebamos.

Se eu posso falar de um dos benefícios (e eu uso esse termo, reconhecendo sua precariedade) dessa crise que vivemos em nossa cidade foi que os olhos do mundo foram abertos para o fato de que a "Angra das novelas" também convive com a "Angra dos morros". Não foi sem um propósito definido que as mortes não escolheram geografia (morro e ilha) e muito menos classe social (ricos e pobres). A Angra parasidíaca não representa o todo da nossa realidade. Os angrenses não podem ser seduzidos pelo senso estético de nossas praias enquanto não tivermos resolvido sérios problemas sociais e culturais de nossa população! Precisamos nos importar! Não imitemos as "vacas de Basã" preocupadas apenas com os seus vestidos cheios de lantejoulas!

02. Será que nossas igrejas se portaram bem?

Para falar desse quesito eu saliento alguns pontos de referência: o primeiro no que diz respeito à ajuda imediata, aquelas primeiras horas de janeiro, houve sim, mobilização e apoio institucional. Doações foram feitas, pastores se esmeraram na ajuda aos seus membros e familiares, enfim, a ação generosa e operacional foi feita!

O que eu lamento é o uso politiqueiro de líderes eclesiásticos que ainda não acordaram para o fato de que igreja não pode ser um partido político! Olha, igreja é do alto! Paulo disse isso ao se despedir dos pastores da Ásia quando ele estava na cidade de Mileto:

(Atos 20:28) - Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.

A igreja é de Deus e custou um preço muito caro, não dá para barateamos o sacrificio expiatório do Senhor Jesus com cestas básicas e ações inexpressivas de ajuda ao nosso contexto citadino que carece de presença pastoral, amiga, acolhedora e estratégica de assistência às necessidades reais de nosso povo! Fico pensando e me recordo do que uma menininha me perguntou domingo agora passado em nosso culto pela manhã: "essa igreja aqui é evangélica?". A pergunta dela mexeu comigo: será que temos sido evangélicos em nossa proposta de igreja? Será que Cristo tem sido nossa principal bandeira? Será que nosso atrelamento político é o que o Senhor tem pedido para a sua igreja?

Em resumo precisamos orar pela conversão de pastores em nossa cidade! E digo isso com tristeza, pois nutro carinho por muitos que, creio que estão perdidos na máquina, mas que têm inclinações ao conserto espiritual com o Senhor da igreja!

03. Será que continuaremos os mesmos de antes da crise?

O que me choca é saber que para muita gente nada mudou! Os churrascos inconsequentes com suas baducadas infernais continuaram. O carnaval persistirá com suas orgias que desembocarão nove meses depois em crianças que serão criadas sem pai e sem mãe. Os poderosos da cidade continuaram com sua ótica politiqueira rasa e raquítica. As igrejas interesseiras no poder dos homens continuaram tornando seus púlpitos em palanques. Meu Deus, quando tudo isso acabará?

Eu passo pelo Rio Santos e vejo destruição. Eu passo pelo Morro da Cruz e vejo destruição. Eu passo pelo Retiro e vejo destruição. Eu olho para o coração de muitos crentes em nossa cidade e eu vejo, o mesmo: destruição! Serão muitos os que continuaram com suas bíblias nas mãos e com as novelas no coração. Serão muitos os que persistirão em seus pecados sexuais, confiados em seus códigos secretos. Serão muitos os que abrirão tranquilamente suas novas igrejas-biroscas, verdadeiras sucursais do inferno divisionista. Serão muitos os que permanecerão frios como um pedra de gelo para as coisas de Deus e vibrantes como fogo para os estrategemas carnais de seus torpes pensamentos.

Só uma coisa me enche de esperança: saber que o Senhor persiste em seu trono de glória, governando todas as coisas. Deus não precisa de conselheiros, nem de aliados, muito menos de defensores. Ele se basta, Ele é o grande "Eu sou". E por conta disso, poderemos cantar com plenos pulmões em nossos corações:

"Minha esperança, até o fim,
é Cristo, que morreu por mim.
Eu creio só no meu Senhor,
no nome do bom Redentor.

A minha fé e o meu amor
estão firmados no Senhor,
estão firmados no Senhor."

(Hino 348 HCC- A Minha Fé e o Meu Amor- Mote/Silva/Bradbury)

Que o Senhor abra o nosso sorriso angrense! Está difícil voltar a crer no melhor, mas não podemos entregar nossos projetos de início de ano ao deus-acaso, pois cremos em um Deus que é socorro bem presente na angústia! (Salmo 46.1)