terça-feira, 30 de março de 2010

ONDE ESTÃO OS COLABORADORES FIÉIS?

"Tudo consagro-te agora, Senhor; vou proclamar a mensagem de amor. Meu compromisso no teu serviço é ser um vaso de benção, Senhor." (Hino 438 HCC)

Tenho 15 anos de ministério pastoral e 12 anos de magistério teológico. É uma caminhada estreita com ovelhas e alunos e quero neste artigo fazer algumas pontuações que me são muito caras neste tempo que vivemos, onde a fidelidade a Deus é algo descartável e o comprometimento com um líder é tão concreto quanto a fumaça!

(1) A igreja erra quando manda para o seminário jovens emocionalmente instáveis.

Há jovens que são habilidosos no uso da fala, são bons comunicadores, mas são oscilantes em suas emoções e algumas vezes exageradamente emotivos! Isso causa uma boa impressão no meio comum da congregação, sobretudo em igrejas que valorizam o carisma e não se preocupam tanto com o caráter de seus líderes.

Quando tais jovens chegam no seminário e se deparam com a consistência da teologia bíblica e são confrontados com o rigor da metodologia da pesquisa partem para uma de duas posições: se enquadram e aprendem a dominar o leão que está dentro de si ou alopram, assumindo uma aura de "espiritualidade bizarra" separando o ensino teológico em departamentos do tipo: espiritual e não-tão espiritual!

A solução seria a igreja caminhar um pouco mais com os seus afoitos pré-seminaristas, dando a eles responsabilidades mais concretas na igreja, fazendo-os prestar contas de seus atos e vez por outra, em havendo necessidade, tirando-os de posições de frente para outras funções mais humildes, isso trata o caráter do líder! Funções do tipo: arrumar cadeiras, dirigir cultos nos lares, ajudar o pedreiro em algumas obras na igreja, enfim...

(2) O seminário erra quando não avalia seus alunos em um todo: acadêmico e eclesiástico.

É um erro a direção de um seminário teológico preocupar-se apenas com o rendimento acadêmico de seus alunos, isso porque uma instituição de ensino bíblico não é uma universidade qualquer, creio que a teologia como a "mãe de todas as ciências" ocupa posição de honra nas esferas do conhecimento humano e tem a sua aplicação justamente no caráter e não meramente no raciocínio de seus estudantes.

É bastante comum encontrarmos alunos brilhantes, com notas excelentes, mas péssimos colaboradores de seus pastores. Seminaristas maldosos, com suas críticas mordazes e reclamações generalizadas de seus líderes! Eu tenho para mim que seminaristas que não trabalham ativamente em suas igrejas deveriam ser banidos dos seminários! Mesmo que isso custe muito aos seus cofres! Não se pode tolerar alunos que são criteriosos em analisar sermões e posturas de seus pastores, mas são incapazes de avaliarem-se a si mesmos na busca por uma vida mais engajada ao Reino e em obediência ao princípio da "autoridade espiritual". (Romanos 13)

A solução seria o seminário ter um programa consistente de avaliação e estágio de seus alunos. Algo com a cobertura e o empenho de seus pastores e demais professores. E o aluno que durante um certo período não apresentar empenho em suas atividades eclesiásticas deveria ter uma entrevista com o diretor da instituição para uma definição, uma espécie de "check mat" vocacional!

(3) Ambos erram, tanto a igreja quanto o seminário quando não compreendem o valor dos "seminaristas de verdade".

Eu tenho para mim que os "seminaristas de verdade" deveriam ser honrados por suas igrejas, uma vez que eles já são peças raras, e pessoas em extinção no nosso meio denominacional. Eu mesmo já tive decepções incríveis com seminaristas e pastores ordenados por nossa igreja aqui! E, confesso que sei que ainda sofrerei muito mais! É próprio do pastor que gosta de investir em vocacionados ter tanto o sabor do contentamento com o desempenho de obreiros fiéis (eu sei o que é isso!) e o fel destilado por traições e decepções (também sei o que é isso!).

Mas, a palavra de ordem é: PROSSIGA INVESTINDO! Não creio que o caminho seja a revolta que congela esforços em termos jovens e adultos melhor preparados para a causa do Mestre, absolutamente! Aqui em nossa igreja investimos tanto em vocações que além do Seminário que eu dirijo na cidade, de cunho interdenominacional, montamos nas dependências de nossa igreja o SETEP (Seminário Teológico Escola de Profetas) para dar subsídios básicos da boa teologia para nossos membros e outros interessados! Amo a formação teológica! Creio na autoridade das Escrituras! E ainda acredito que, apesar dos pesares vale a pena investir em colaboradores que sejam fiéis!

Termino com a oração de John Wesley que é a minha também nesse tempo que vivemos onde a excelência na liderança precisa ser associada à fidelidade, para não termos valores humanos ricos em possibilidades, mas pobres em caráter e constância: "Deus, dá-me cem homens que não temam nada exceto o pecado e que não amem a ninguém mais do que o próprio Deus. Dá-me e eu abalarei o mundo!"