sexta-feira, 18 de junho de 2010

ESSA PROSPERIDADE É POBRE DEMAIS!

Recentemente veio o pr. Silas Malafaia novamente pleitear de seus fiéis mais um desafio de sua megalomaníaca visão: ter mil templos espalhados no mundo e mais um canal de televisão para a sua nova denominação: "Assembléia de Deus Vitória em Cristo".

Embora Jesus nunca tenha pedido dinheiro para sua missão, é “favas contadas” que a igreja dele sempre precisou de recursos dos mais diversos para manter seus projetos de serviço, sustento e solidificação da obra de Deus! De maneira alguma venho dizer que a igreja não pode dispor e nem ao menos solicitar o que é legitimado pelas Escrituras para o sustento da obra: os dízimos e as ofertas.

Textos bíblicos podem ser citados com exagero para afirmar o valor bíblico das contribuições de santos. Fico apenas com II Coríntios oito, onde encontramos o apóstolo Paulo enaltecendo a generosidade das igrejas da Macedônia que haviam descoberto a graça de poder participar com as suas posses para a ajuda aos irmãos de Jerusalém que passavam por revezes financeiros. No texto temos até a expressão: “o privilégio de participarem deste serviço a favor dos santos” (v. 4).

É sabido que a igreja desde o primeiro século sobreviveu por doações de fiéis, e até mesmo a igreja do Velho Testamento tinha como princípio o recolhimento dos dízimos e das ofertas para a manutenção do culto e o sustento dos seus ofícios (no caso, os sacerdotes), como vemos em Levitico 27.30: “Também todos os dízimos da terra, quer dos cereais, quer do fruto das árvores, pertencem ao Senhor; santos são ao Senhor”.

Mas o que temos visto já há muito no programa do Silas Malafaia e de outros famosos tele evangelistas é um descalabro, um verdadeiro assalto à mão armada, usando a Bíblia obviamente como arma letal para capturar dividendos dos incautos membros das nossas igrejas, sobretudo dos que já vivem endividados pelos cartões de crédito e empréstimos bancários e que, no afã de se tornarem de um dia para outro prósperos acabam contribuindo para ministérios em troca de orações e bíblias de estudo!

Desde ontem, quando expus em nossa igreja a porção bíblica de I Corintios 3.9-15, estou refletindo sobre alguns pontos que não me sae de minha mente e vem incendiando o meu coração:

Há uma urgente necessidade de fazermos um auto-exame constante para verificação de atitudes, posturas e inclinações acerca da natureza do nosso trabalho na Obra do Senhor. E eu lhe desafio a fazer isso a partir do momento em que você coloca os seus olhos neste artigo.

Isso se torna imperioso quando pensamos sobre os materiais com que o "edificio de Deus", a igreja pode ser ornamentada sobre o fundamento que já está posto, a saber, o próprio Cristo. Esses materiais que podem ser ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno e palha constituem a nossa contribuição para o desenvolvimento da obra de Deus em nossa vida aqui na terra. Schrader coloca essa questão assim: "Alguns homens edificam com o ouro da fé, com a prata da santidade e com as imperecíveis pedras preciosas do amor; mas outros edificam com a madeira morte de esterilidade nas boas obras, com a palha vazia da falta de espiritualidade, com a ostentação do conhecimento, e com a cana quebradiça do espírito continuamente em dúvida".

Quando eu li isso pela primeira vez foi inevitável fazer um contraponto entre o evangelho do Senhor Jesus e esse pseudo-cristianismo denominado "evangelho da prosperidade!". Não se trata obviamente de me colocar como referência de qualquer consideração sobre a bíblica doutrina dos "galardões", mas sim de levar em consideração que, a despeito do nosso fundamento ser Cristo, e isso é verdade também para tantos neo e pseudo-pentecostais que andam diluíndo a Palavra de Deus, chegará um tempo em que todos os disfarces caírão e todos nós vamos estar diante de um fogo que revelará a resistência do material com que adornamos a igreja do Senhor Jesus, e fico então diante de duas (únicas) situações.

Trata-se da primeira, aquela onde aqueles que receberão o galardão de acordo com as suas obras, não em consideração ao "sucesso" de suas empreitadas, pois Deus não analisa a performance, mas à fidelidade, em conformidade com o seguinte texto:

(I Corintios 3:14) - Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.

E, a segunda consideração, será relacionada à esterilidade de frutos que permanecerão para a vida eterna, com muito show e pouca unção, muito dinheiro envolvido e pouca lisura ética, enfim, muita badalação na carne e pouca piedade no espírito. E o verso para essa situação está em:

(I Corintios 3:15) - Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.

Meu coração se rasga diante dessa verdade, e fico a pensar de que o resultado não será nada animador para aqueles que, a despeito da salvação já estar adquirida por graça e méritos de Cristo, tiverem de amargar uma eternidade sem o brilho de ricas experiências espirituais onde Cristo constituíria verdadeiramente "tudo em todos"!

Uma lástima! Eu quero o meu galardão no céu e não a prosperidade aqui na terra, pois ela, sem a benção de Deus, é pobre demais!

É o que eu penso!

terça-feira, 15 de junho de 2010

ORA QUE MELHORA! SERÁ?

"Muitas vezes tenho me perguntado: 'Por que é que nós, os crentes ocidentais, não oramos mais?' e 'Por que as igrejas não dão mais atenção à oração?'. Afinal de contas, já que a oração é o ato supremo de intimidade com Deus, não deveria ser a atividade central de toda a nossa vida? Não é por falta de ensino sobre a oração. Nunca tivemos tantos livros e seminários sobre oração como hoje. A triste verdade, quer a admitamos quer não, é que não oramos porque, lá no fundo, não achamos que realmente precisamos de DEus. Não sabemos como orar porque a verdadeira oração só pode originar-se de uma vida totalmente esvaziada de autossuficiência." (K. P. Yohannan)

Esse tema me veio à mente por conta de um periódico que eu recebo com artigos edificantes para o pensamento bíblico sobre a profundidade de nossa relação com o Senhor. Tenho parado para pensar já há muito sobre a necessidade de termos crentes mais piedosos e inclinados à oração em nossas igrejas! Fico imaginando que em grandes concentrações onde há presença de artistas de nome sempre se vê um contingente de "adoradores" (se de Deus ou do artista, isso é foro intimo de cada um!), agora em reuniões de vigílias e orações sempre temos 10% da frequência da igreja, e esse número tem de ser comemorado! Falta interesse do nosso povo em orar. Sobra interesse em incensar os artistas gospéis de plantão! Que lástima!

São esses crentes reféns das músicas triunfalistas, que ousam decretar a hora do milagre acontecer, que quando se vêem sozinhos e tendo de lidar com a própria humanidade acabam sucumbindo à depressão espiritual. Martin Lloyd Jones fala sobre a depressão espiritual, e só para começar ele diz algo contundente: "de certa forma, um cristão deprimido é uma contradição de termos, e é uma péssima recomendação do evangelho."

Mas, eu quero insistir que há crentes que se deprimem por que não seguem um evangelho puramente cristocêntrico, mas são escravos de sua própria performance, de sua fé decretada, de promessas reinvidicadas ao som de um shofar ou em orações concordantes com algum pregador histrionicamente pentecostal! Não me refiro aos verdadeiros pentecostais, é claro, os que amam ao mesmo Senhor que nós e que são fervorosos em uma fé poderosa, estou citando os vassalos de uma vivência meramente estética, que representam papel de "He-mans" espirituais! E, que ousam vez por outra, se possível fosse, cantar o hino "grandioso és tu!" olhando para o espelho!

Ai, quem acredita que é só orar que tudo melhora, acaba se deprimindo, adoencendo a alma, pois nem sempre o milagre vem, a unção prevalece e as promessas são para o "aqui e agora!". Vez por outra temos de esperar, e temos de clamar pela misericórdia do Senhor. Por isso, cabe aqui um valiosíssimo hino da "Harpa Cristã" como referência final de meu artigo que denuncia a proclamação de uma fé tipo "shazan" e um Jesus que se parece como um mero "resolvedor de problemas" ou mal comparando um "auxiliar de serviços gerais" da humanidade. Reflita no hino verdadeiramente pentecostal e não idiotizado como alguns dos cantores atuais, influenciados pelo "evangelho da prosperidade":

Se tu, minh'alma a Deus suplica
E não recebes, confiando fica
Em Suas promessas que são mui ricas
E infalíveis pra te valer

Porque te abates, oh, minha alma?
E te comoves, perdendo a calma
Não tenhas medo, em Deus espera
Porque bem cedo, Jesus virá

Ele intercede por ti, minha'lma
Espera nEle com fé e calma
Jesus de todos seus males salva
E te abençoa dos altos céus

Terás em breve as dores findas
No dia alegre da Sua vinda
Se Cristo tarda, espera ainda
Mais um pouquinho e O verás.

Por fim, prefiro essa fé cega na provisão de Deus do que a reinvidicação de bençãos com olhos voltados apenas para a prosperidade material enquanto a alma abriga uma depressão sem tamanho!

É o que eu creio.