sábado, 20 de novembro de 2010

PAREI PARA PENSAR: POR QUE SOU PASTOR?

"Tenho lutado, com todas as minhas forças, para obter a posição da completa independência de todos os homens. Tenho descoberto, às vezes, que, quando fui muito elogiado, se o meu coração cedeu um pouquinho, e prestei atenção às lisonjas, e fiquei satisfeito, na próxima vez em que fui censurado e maltratado senti a censura e a maldade muito profundamente, pois o próprio fato de ter aceitado o elogio me deixou mais sensível à censura. Por isso, tenho tentado ultimamente não me importar com o louvor do homem mais do que com a sua censura, mas simplesmente repousar sobre esta verdade- sei que tenho uma motivação pura no que tento fazer; estou consciente de que me empenho em servir a Deus com vistas apenas à sua glória; portanto, não preciso receber o louvor nem a censura do homem, mas permanecer independemente sobre a rocha do fazer o que é certo". (C. H. Spurgeon)

Daqui a algumas horas vamos estar consagrando formalmente ao ministério pastoral o quinto obreiro nesses 18 anos de história como igreja neste lugar. Incluindo eu, em 1994 até agora, 2010 com a ordenação do Leonardo Almeida (que será um dos meus auxiliares), todos exceto de um, estão integrados no ministério pastoral batista espalhados em dois Estados de nosso país (Rio de Janeiro e Santa Catarina)! Por todos eles, podemos dizer: a Deus toda a glória!

Mas, me pôs a refletir nesse dia por inteiro sobre este tema latente: "por que sou pastor?". Tenho dezessete anos de ministério pastoral nessa mesma igreja desde o inicio, a Igreja Batista Central em Japuiba (www.ibacen.com.br) e tenho convivido com preciosos irmãos que tem me ensinado e muito a pastorear e a crescer na graça e no conhecimento do Senhor Jesus! Temos passado por provas duras, testes decisivos, desgastes muitas vezes desnecessários, mas temos crescido! Eu tenho amadurecido! Mas ainda não cheguei lá...

O ser pastor nos reserva as experiências mais contraditórias que existem na vida, não é a toa que David Fischer vai dizer:  "O ministério pastoral é a estranha combinação de ser amado e desprezado, aceito e criticado, seguido e rejeitado. É parte entusiasmo, parte depressão. Satisfação calma misturada com descontentamento destrutivo. Muita afeição e, às vezes, até ira. É o poder do Evangelho e a fraqueza da humanidade, tudo envolto em uma só experiência".

Pensando nessa direção, eu chego a alguns arrazoados bem práticos:

01. Eu não sei o segredo do sucesso no ministério pastoral, mas do fracasso eu já descobri: é tentar agradar a todo mundo!

Definitivamente não dá! Muitas são as vezes que implantamos uma metodologia, ministramos uma verdade bíblica ou ainda tecemos um e outro comentário e logo a nossa pseudo-unanimidade cai por terra. Por que? Pelo fato de nos posicionarmos a respeito de algum princípio eterno! Os pastores não são homens aqui da terra, representam uma autoridade espiritual que se funde com a fragilidade da existência humana, por conta disso amealham admiradores temporários, sobretudo em contextos onde as verdades bíblicas não são acolhidas com espírito obediente no coração!

Tenho para mim que o obreiro precisa questionar se ele anda recebendo muitos tapas nos ombros, muitos elogios babosos, muitos convites para almoçar e jantar fora, isso porque quase sempre essas propostas são aduladoras, pois é fato que o homem de Deus encontra-se muito mais à vontade nos calabouços e solitárias do que nos palacetes e hotéis de luxo! Temos de ser intransigentes em relação aquilo que as Escrituras prescreve, e nosso espírito de amor não pode ser adocicado pelas palavras elogiosas dos homens, senão isso comprometerá a nossa integridade pessoal. As palavras do apóstolo Paulo asseveram o que tento lhe comunicar: "Porventura , procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo." (Gálatas 1.10)

02. O centro da atividade pastoral é a exposição bíblica do púlpito de sua igreja!

Definitivamente não estou sozinho nesse pressuposto: pregar é mais importante que visitar, administrar, aconselhar, dirigir reuniões, ir a aniversários, fazer casamentos, apresentar crianças, enfim... O ato pastoral por excelência é a exposição fiel das Escrituras por um obreiro que tem tempo para estudar, recursos financeiros para comprar os livros que desejar e uma igreja que investe em cursos de capacitação ministerial! Feliz é o obreiro que deleita-se nas Escrituras sem outras preocupações terrenas!

Percebo essa preocupação na exaltação do ministério de pregação em vários homens, sobejamente nos escritos de Martin Lloyd Jones. No seu clássico "pregação e pregadores", o doutor nos orienta: "Se alguém quer conhecer outra razão, eu diria, sem hesitação, que a mais urgente necessidade da igreja cristã, na atualidade, é a pregação autêntica. E, visto que esta é a maior e mais urgente necessidade da igreja, evidentemente ela é também a maior necessidade do mundo".

As pessoas não são transformadas por um show pirotécnico, que insistimos em chamar de culto, elas são confrontadas com o peso da mensagem de vida eterna que sai dos lábios quentes de um homem de Deus que teve um encontro com Deus para compartilhar algo de Deus a elas! Homens de Deus falam de Deus! E para falar de Deus tem de se curvar diante da Palavra de Deus!

03. Por fim, o pastor tem de limpar o seu coração de ressentimentos.

Sempre falo isso para mim mesmo. O obreiro não pode ter um coração rancoroso, se há perdão para ser liberado, o mesmo precisa ser liberado para o bem da saúde do perdoador, não necessariamente do perdoado! E explico: eu não falo de reconciliação com a parte ofensora, falo de perdão! Perdão é a abertura do coração, reconciliação é o resgate do relacionamento! Em outras palavras eu creio que não pode haver reabertura de relacionamentos com traidores e rebeldes que ainda não se viram suficientemente arrependidos de seus feitos ordinários em direção a um homem de Deus! Mas, creio firmemente que deve haver perdão!

Somente o perdão libera o coração para olhar para quem lhe fez mal, e ainda orar por ele! Somente o perdão libera o coração para dar uma chance se o mesmo estiver claramente consternado! Somente o perdão faz com que se vire uma página em um relacionamento que tinha tudo para ser duradouro e por conta de vaidades pessoais se esvai!

O obreiro não pode se dar ao luxo de ter receio em confiar novamente nas pessoas, isso porque elas são errantes e carentes de atenção sobretudo do nosso sumo Pastor, Jesus Cristo! Tenho uma verdade ainda mais clara para anunciar: somos pastores para sofrermos mesmo! É próprio da prática pastoral o choro incontido pelos desobedientes, a dor pelos que não se corrigem dos mesmos pecados cometidos constantemente e também das pressões da própria vida e do cosmos que conspiram contra aqueles que optam em servir ao Senhor fielmente.

Por isso, em homenagem aos pastores que saíram de nossa IBACEN: André (que não está mais entre nós, os Batistas), Luis Fernando (pastor da Igreja Batista em Lídice, Rio de Janeiro), Egonzir (pastor em Palmitos, Santa Catarina) e agora Leonardo (um dos meus auxiliares aqui na igreja) encerro o artigo com as palavras do pastor Paulo:

"Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério". (II Timóteo 4.5)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

CRISTIANISMO DE MENOS!

“Não temos demasiado Islão, temos pouco Cristianismo. Temos poucas discussões sobre a visão cristã da humanidade”. (Angela Merkel  em um evento de seu partido, a "União Democrata Cristã") http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?did=128932

O contexto de sua fala é um comentário sobre o fato real de que há 4 milhões de muçulmanos morando na Alemanha, e eles encontram em solo europeu um ambiente respeitoso, algo que não é verdade nos países de maioria islâmica onde a perseguição ao cristianismo costuma ter requintes de crueldade. Merkel, que é a primeira ministra do seu país ainda diz que é preciso reforçar a identidade judaico-cristã de seu país, sem com isso prejudicar as relações de civilidade com outras religiões, uma vez havendo respeito e consideração pela história do povo alemão. “Esperamos que aqueles que venham para cá a respeitem [a tradição judaico-cristã], mantendo todavia a sua identidade pessoal”, ela disse.

Eu sempre defendi que os paises denominadamente cristãos precisam cobrar junto aos organismos internacionais o mesmo respeito que nutrimos aqui pelos muçulmanos em nossos territórios para os nossos irmãos cristãos em paises majoritariamente islâmicos. Mas, me parece que não há força de vontade política para, inclusive oferecer sanções a países perseguidores de cristãos como a Arábia Saudita, o Irã e o Sudão. Como resultado desse quadro tenebroso recebemos notícias de cristãos acuados em países onde o totalitarismo parece ser a palavra de ordem!

Enquanto na Alemanha, Merkel prega a liberdade e o respeito em relação aos cristãos, a  A Organização da Conferência Islâmica, que compreende 57 países, sendo a maioria de população muçulmana, apresentará mais uma vez a Resolução da Difamação da Religião na Assembleia Geral das Nações Unidas, no final deste ano. Essa resolução: dá ao governo o poder para determinar quais visões religiosas podem ou não podem se expressar nesses países; dá ao Estado o direito de punir aqueles que expressam posições religiosas “inaceitáveis”, de acordo com o que eles acreditam;  torna a perseguição legal;  visa criminalizar palavras e ações consideradas contra uma religião em particular, nesse caso, o Islã; tem o poder de estabelecer legitimidade internacional para leis nacionais que punem a blasfêmia ou, por outro lado, proíbem críticas à religião. 

Temos de orar e lutar para que essa resolução não seja aprovada pela ONU! Quer fazer algo? Entre no site http://www.portasabertas.org.br/freetobelieve/ baixe vídeos da campanha, mostre em sua igreja, e assine abaixo-assinados eletrônicos para exercermos algum tipo de pressão sobre as autoridades.

Sabe, mais uma vez a fala de Martin Luther King se estabelece: “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”.

Vamos nos mexer! Já! Agora!