domingo, 12 de junho de 2011

TODO SER QUE RESPIRA LOUVE AO SENHOR! SERÁ?

"Nosso problema não é a questão dos estilos musicais. Nosso problema é o estilo de vida. Quando abraçamos mais aflições, por causa do valor de Cristo para nós, haverá mais fruto no culto a Cristo". (John Piper)

Lanço uma reflexão sobre a ardorosa questão das preferências musicais em nosso culto público ao Senhor. Tenho pensado já há muito tempo que cada igreja/denominação tem a sua cultura musical, e os gostos pessoais dos seus membros (incluindo seus ministros) devem estar sendo submissos à essa cultura histórica. Não me refiro ao fato de que a cultura musical da igreja deve ser como uma prisão onde não se pode aspirar alguma flexibilidade litúrgica, mas não sou ingênuo (e, 18 anos de ministério pastoral me deixam certo disso!) de crer que uma igreja local tenha como obrigação curvar-se a cantar apenas as composições de cantores que eu gosto particularmente.

Mas, o que percebo em miúdos na postura de alguns na igreja, sobretudo os convertidos de muito tempo é uma intolerência perigosa em relação ao que é novo. Eu tenho tido o cuidado de não me sentar na mesa dos intolerantes litúrgicos bem como dos "talibãns evangélicos" que me parecem teólogos do ostracismo, acostumados a enxergar a igreja com os olhos no retrovisor. Particularmente não gosto de gente assim: ensoberbecida pelo passado e cega em relação ao futuro.

Mas, tem de haver algum "meio de campo" para trazer a verdade poética do Salmo 150 para o centro da vida de adoração comunitária. Não é possível que o "tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor"  não faça com que alguns saudosistas parem de reclamar das canções de Aline Barros e Fernandinho e praticamente silenciem-se em protesto gélido de quem, por conta de tais preconceitos vão acabar entorpecidos espiritualmente. Não gosto de música ruim, agora tolero canções entoadas originalmente por cantores que não aprecio, por conta da expressão comunitária de uma igreja que, é aproximada de Deus por canções que falam de uma intimidade com o Senhor que supera questões históricas, denominacionais e experienciais, isso sem jogar por terra princípios teológicos centrais (repito, "centrais") que nos são caros.

Uso como exemplo, algo que vem acontecendo comigo. Vamos lá, talvez pela primeira vez exponho meu pensamento a respeito desse assunto,e  optei em fazê-lo neste blog para, de certo modo eu equilibrar meu pensamento, pensando bem antes de gotejar palavras na tela do meu notebook. Eu sou de uma herança musical bem tradicional. Conheço praticamente todos os hinos do "cantor cristão". Desde pequeno eu entendo que o crente batista precisa ter a Bíblia e o Cantor Cristão em mãos, e de preferência no mesmo volume! Verdade! Em minha sala na igreja tem lá, Biblia e Cantor Cristão juntos, em outras palavras, termina Apocalipse e começa o belíssimo "Antifona", o hino 01 do CC!

Quando cheguei aqui em nossa igreja (Igreja Batista Central em Japuiba, Angra dos Reis, RJ) me animei com uma igreja majoritariamente jovem, cantando as canções que eu gostava também, de Marcos Witt, Projeto Vila Nova de Irajá, Comunidade Evangélica de Goiânia, dentre outros...  O que fiz? Respeitei essa variedade contemporânea e incrementei os cultos com um ou dois hinos do "Hinário para o Culto Cristão" (novo hinário dos batistas brasileiros). E, o que temos hoje 18 anos depois de minha chegada ainda é a mesma mistura saudável, respeitosa e equilibrada, sendo que, por Graça de Deus hoje tenho um culto com elementos de espontaneidade e reverência! Mas, o meu estilo pessoal, admito é mais para uma liturgia tradicional com Coros, hinos tocados em Órgãos e uma estética arquitetônica que lembra elementos do século da Reforma!Mas eu pergunto retoricamente: vou implementar em nossa igreja algo do que eu gosto, ou algo que eu percebo que Deus está se movendo em nossa congregação?

Absolutamente. Não quero impor o meu estilo, minha preferência musical, até mesmo porque como John Piper salientou o estilo de vida é mais importante do que o estilo de música! De que me adianta ter uma igreja que canta do que eu gosto e vivendo distante dos ideais do Evangelho?

Mas, eu não percebo essa mesma tolerência, que compreendo ser bíblica por parte daqueles que insistem em virar seus rostos com canções contemporâneas e que, pensam que são detentores de um senso próximo do divino em avaliar intenções de corações alheios! Repito: tem de haver a consciência de que quando se aceita ser membro de uma igreja, se está aceitando como tolerável uma cultura própria, e, por conta disso, deve-se buscar sobretudo naquilo que não gosto elementos de graça de Deus!

Não sou fã do Fernandinho! Mas, nossa igreja canta muitas músicas dele! Certa noite, estava no nosso Retiro de Pastores, e quem chega para ministrar alguém parecido com o Fernandinho, pensei eu. Começou a cantar e o meu lado crítico foi logo denunciando-o como alguém que viria para ministrar canções modernas que eu já havia conhecido, mas que ali no Retiro não estava disposto a cantar! De repente, meus olhos foram abertos! Ele não parecia o Fernandinho! Ele era o Fernandinho! E, me vi sendo ministrado ali, sobretudo com uma canção que ele compôs num deserto de seu ministério pastoral: "uma nova história Deus tem para mim! Um novo tempo Deus tem para mim! Tudo aquilo que perdido foi, ouvirei de sua boca. Te abençoarei!".

Essa experiência embasou o meu pensamento! Não quero mudar nada! Não ser um reformista litúrgico! Não quero me colocar no lugar de Deus! Quero cantar junto com o meu povo! Pois quero ser abençoado junto dele! Oh! Deus que morra os legalistas! Que os conservadores nostálgicos se convertam ou declarem de vez seu estilo de mundanidade pecaminosa! Chega de falsas reverências no culto cristão!

É o que eu penso. E canto.