sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O VALOR DA COOPERAÇÃO

Chegando do Haiti nessa semana, depois de 15 dias de um abençoado "Projeto Missionário", começo a refletir sobre o valor da cooperação ministerial, uma vez que nesse tempo tive a oportunidade de liderar pessoas de 12 igrejas diferentes, e pude ter o privilégio de focar todo o grupo numa visão: dar a nossa contribuição para a reconstrução do país mais pobre das Américas.

Há muito tempo venho pensando a respeito da importância de uma imagem correta do que vem a ser uma igreja do Senhor Jesus. A Bíblia vai se utilizar de metáforas ( comparações) para expressar a igreja: edifício, rebanho, geração eleita, sacerdócio real, povo adquirido, corpo, e tantos outros. Em todas essas idéias há um elemento presente: cooperação. A cooperação é a participação de cada indivíduo para o desenvolvimento de um projeto comunitário. Daí a necessidade de se ter cooperação para a existência de uma igreja.

Para resgatarmos esse princípio na vida da igreja encontro no texto de Êxodo 17.8-13 alguns principios muito sólidos do que vem a ser uma vivência que viva na prática esse conceito. No texto encontramos o povo de Israel em uma peleja árdua com seus inimigos imediatos, os amalequitas, e um episódio chama a atenção de todos. Enquanto isso, Josué liderava o povo na frente de batalha, Moisés sobe ao monte para visualizar a batalha, seguido por Arão e Hur, dois de seus assistentes.

Repare comigo que a ordem de Moisés foi clara a Josué: “selecione os homens para a batalha e saia à campo, e amanhã eu vou estar no cume do monte, com a vara de Deus.” A vara de Deus, foi a mesma que abriu o Mar Vermelho, no texto ela é símbolo da intervenção sobrenatural de Deus na história natural do homem.

Moisés se compromete a assumir posição de intercessão na batalha. Não se tratava de uma posição de camarote, mas sim uma posição de guerra. Ora, Arão era sacerdote, Hur era um ancião, a terceira autoridade em Israel, ambos estavam dispensados da batalha, poderiam assumir uma postura de criticismo. Mas eles preferiram, segundo o verso 10 subirem também ao cume do Monte. Eles queriam participar!

Uma verdade que você jamais deve se esquecer: o “nós” é bem mais forte do que o “eu”. A força da comunidade é um valor que não se percebe com facilidade em nossa sociedade individualista. Geralmente se fala em participação popular apenas em época de campanha eleitoral. Mas o fato é que “o povo não sabe ainda, a força que possui”, isso em termos de protesto, denúncias, mas principalmente no campo das construções, das realizações.

Arão e Hur, pela posição que tinham na comunidade, poderiam muito bem, ficarem de braços cruzados questionando: “prá mim, não foi boa idéia de Moisés de guerrear contra este povo.” E aí outro respondia : “eu estou pagando para ver!”. Mas não ambos somaram!

Isso me faz lembrar uma fábula. A centopéia é aquele animalzinho, parecido com uma lagarta, que tem cerca de 100 patinhas. Cada uma das patinhas é importante para a movimentação da centopéia. Certo dia o macaco perguntou à centopéia: “qual das cem perninhas você mexe primeiro para andar?”. A centopéia então ficou tão preocupada em saber qual das pernas ela mexia primeiro que não andou mais!

A igreja só existe por causa da participação de todos em um projeto só: ora, temos uma visão: “sermos uma comunidade de fé e amor que vive em um ambiente de comunhão, proclamando Jesus Cristo, como Salvador do Mundo”, e não podemos descansar enquanto esse projeto não for plenamente  realizado.

Agora, um dado que não pode passar despercebido, e isso serve para todos nós, que somos líderes e que, vez por outra nos cansamos e nos desgastamos no ônus da liderança, está no verso 12, lá podemos encontrar o seguinte: “as mãos de Moisés, porém, ficaram cansadas”. Às vezes pode-se pensar que a liderança da igreja, por serem formadas de pessoas espirituais não se cansa, mas o fato é que muitos dos nossos líderes tem cedido ao estresse!

Ora o que é estresse: “ir além dos limites”. O sentido original da palavra estresse veio da mecânica. Trata-se do trabalho de determinar a resistência de um material, o que é importante na construção de pontes, edifícios, aviões. Então para se determinar a resistência de um material é preciso submetê-lo a estresse, isto é, forças, até o ponto de ele se partir. Tomo um tijolo, coloco-o numa prensa e vou apertando, quando ele partir, eu terei chegado ao ponto de “estresse” do tijolo.

Moisés sobe ao monte, Arão e Hur o segue, e ele começa a perceber que quando ele levanta as mãos o povo de Israel prevalece, mas quando abaixa o povo perece. Mas ele não percebe que vem o cansaço. Nem sempre vamos poder estar dando o máximo de nós! Precisamos aprender a separar tempo para o nosso descanso! E, para isso, precisamos entender que não somos super-homens, muito menos, super-mulheres! Temos as nossas debilidades pessoais e vez por outra vamos precisar de pessoas nos apoiando com suas fortes e descansadas mãos.

Quero, aproveitar essa postagem para agradecer a feliz e singela homenagem que recebi ontem em nosso culto, pela passagem do meu aniversário, e pelos inúmeros recados e felicitações via redes sociais. Completei 37 anos no dia 26 de agosto, data que eu ainda estava no Haiti. Fico pensando em nossa igreja, e imagino os vários momentos de minha vida em que precisei que muitos desses irmãos e irmãs sustentassem minhas mãos na condução de várias batalhas. E, posso dizer: em Deus vencemos juntos, e hoje podemos dizer: "até aqui nos ajudou o Senhor!".

Obrigado.

PS. Esse artigo é para aqueles que carregam o peso da liderança e que precisam aprender, dentre tantas coisas, que precisam de pessoas. Como alguém já disse: "pessoas precisam de pessoas para serem pessoas".