quarta-feira, 30 de novembro de 2011

FERIDOS NA BATALHA! RECOMENDO!

Acabei de ler o livro "Feridos na Batalha" do meu amigo, pr. Renato Vargens. O livro é escrito com alma pastoral e coração tremendamente preocupado com os des-caminhos da igreja evangélica no Brasil. Fica muito patente aos olhos a percepção do autor, que eu compartilho igualmente preocupado, do surgimento de uma classe perigosa de líderes, que tem sido alçados à posição de "gurus" que não admitem serem questionados. Eu tenho de lidar vez por outra com homens assim! Melindrosos, receosos quanto à defesa de suas autoridades, e quando se sentem ameaçados em suas pretensões, eles são tirânicos no modo como usam as palavras e cá pra nós, eles se fecham às explicações dos outros. São eles que se bastam a si mesmos!

O livro do pr. Renato vem preencher uma lacuna em nossa reflexão pastoral neste tempo de apóstolos e mega-pastores: o que fazer diante do perfil humanista (no melhor sentido dessa palavra, a uso no corte de "próprio do que é ser humano") do pastor na perspectiva bíblica em relação aos contextos eclesiásticos que convivemos onde o regime de administração gerencial roubou-nos a simplicidade da igreja enquanto "comunidade"?

Em resposta a essa pergunta, encontrei no livro, alguns insights que estarão agora fazendo parte de meus pensamentos em busca de um paradigma, um modelo referencial do que vem a ser um pastor nesse tempo onde os "coronéis da fé" saem brigando uns com os outros, utilizando-se de xingamentos que deveriam ser impronunciáveis nos lábios de um mensageiro de Deus! Recentemente um obreiro disse a um grupo em reunião: "eu dou ao povo o que ele quer, para depois ele me dar o que eu quero!". É a ética do "vendilhão do templo" travestido de pastor evangélico! É pura soberba de quem está de olho na lã da ovelha e não de cuidar do rebanho que o Senhor Jesus lhe confiou!

Muitos são feridos por pastores que, em nome de um discipulado cego manipulam suas vidas em sacrifício de suas convicções pessoais! Há obreiros que tentam à moda do "rolo compressor" incentivarem seus liderados a trabalharem em eventos evangélicos (leiam-se "comerciais") com  o dinheiro público, como se o público fosse privado e o privado público. São verdadeiros enganadores, que não confiam unicamente na provisão do Senhor para as receitas (algumas delas de motivações justas) de suas igrejas!

Outros são feridos quando têm seus questionamentos e dúvidas feitas no privado do gabinete pastoral expostos no púlpito, como "exemplos" e ilustrações pessoais danosas, pois, sem autorização do confidente, tais pastores são covardes, pois falam no púlpito o que não têm coragem de verbalizar em outros contextos! O resultado é gente ferida, doente, magoada demais para voltar à igreja e a ter no pastor um modelo de homem confiável!

Mas, existe o outro lado! E o pr. Renato também comenta nessa direção: há igrejas que trituram seus pastores! Conheço histórias de pastores que penam nas mãos de conselhos e diretorias sanguinárias que, por não estarem dispostos ao confrontamento bíblico, silenciam seus pastores, inclusive vedando-lhes o salário (que já não é tão grande assim...) mensal! São diáconos, presbíteros e membros de famílias importantes da igreja que não gostam de se sentirem ameaçados em uma Exposição fiel do verdadeiro Evangelho, acostumados que estão a mandar e a não serem importunados em seus "pecados preferidos".

Igrejas que maltratam seus pastores são discípulas de Demas, aquele abandonou a Paulo, "tendo amado o mundo presente", II Timóteo 4.10. Interessante que no original temos "aion", que vem a ser "o mundo presente, com as suas preocupações, tentações e desejos". Tem muitos lideres de igrejas no Brasil afora preocupados apenas com os seus ganhos e status pessoais, e bem pouco interessados na promoção do Reino de Deus e o avanço da obra missionária! São verdadeiros lobos travestidos de ovelhas! Gente má!

Mas, por fim, o livro do pr. Renato, que recomendo fortemente tem um tom positivo. No final  o autor lança algumas soluções que podem ser sintetizadas em uma frase: "olhe para Jesus!". O coração do homem não pode ser um arsenal de ressentimentos! O perdão é uma declaração de guerra ao conflito interior que já está instaurado na alma humana. É como se fosse uma bandeira branca desfraldada indicando que a paz finalmente precisa entrar na guerra!

Desejo muito que esse livro (que pode ser adquirido pelo site www.renatovargens.com.br) seja para o Brasil a definição de um tempo onde torturados e torturadores possam se encontrar! E creio que o alvo, o fim mesmo disso tudo seja uma reconciliação com requintes de super-abundante-graça, onde o Senhor Jesus finalmente ministrará um tempo de bonança em sua igreja com feridos e algozes celebrando juntos a Ceia do Senhor, numa simbiose que fará surgir uma nova espécie na igreja: os saudáveis!

Que eu veja esse tempo na igreja do Senhor Jesus!