quinta-feira, 22 de março de 2012

QUEM MEDE O TAMANHO DE UMA IGREJA?

"Não há qualquer grupo, qualquer movimento, qualquer instituição de qualquer espécie no mundo que possa se aproximar da glória, do esplendor, da honra, da beleza, da magnificência, da maravilha, da dignidade, da excelência, do resplendor da igreja de Deus". (Daniel E. Wray)

Um pastor amigo meu escreveu em seu blog (estou sem autorização para divulgá-lo) uma "nota de repúdio" pelo modo que ele considerou que foi tratado em uma Assembleia de Igrejas Batistas àquelas que são chamadas, ao meu ver erroneamente, de "igrejas pequenas".

Sem entrar nos méritos dessa atitude tão comum em nossos arraiais denominacionais, quero reiterar que a discriminação em relação às igrejas de pequeno porte chegam a ser aviltantes em relação ao propósito nobre do Senhor Jesus em morrer para prover a salvação de seu povo particular. Jesus não morreu para salvar estruturas, mas sim pessoas! É de causar ânsia de vômito quando observo argumentações tendenciosas de pastores de igrejas de médio porte subestimando congregações com poucos membros, com seus templos ainda em processo de construção e que se vêem por conta disso impedidos de receberem eventos que, poderiam em certa medida marcar presença da igreja na própria comunidade em que ela está inserida.

Permita-me um comentário pessoal: sempre fui membro de igrejas denominadas "pequenas", com seus 30, no máximo 60 membros, e digo sem pestanejar que nelas encontrei homens e mulheres dispostos a morrer por conta do Evangelho! Liderei eventos preciosos em igrejas que não tinham templos adequados, íamos às Escolas, Praças, e conseguíamos mobilizar recursos estratégicos para que o nome de Jesus ficasse conhecido e se expandisse nas nossas proximidades. Tempos onde termos como "localização central", "boa estrutura eclesiástica", "recursos humanos", dentre outros não eram usados, pois o que valia era a fé e o esforço de cada crente em fazer o melhor para o Senhor.

Não existe igreja pequena! Existe gente com visão pequena! Conheço igrejas grandes que sofrem de miopia espiritual, onde não há mais aptidão ao serviço cristão e os recursos dos membros não são mais empenhados em projetos que alcancem o coração do pecador, isso porque todos pensam apenas em si mesmos! E, em contrapartida conheço igrejas com poucos membros que possuem "candidatos a mártires" em seu rol! Onde está a diferença? Na qualidade de seus membros, e não em sua quantidade!

Isso tudo me faz lembrar a história de uma irmãzinha bem pobre que havia mudado para o centro da cidade e queria pedir sua "carta de transferência" para a igreja mais próxima que era uma dessas "igrejas grandes". Ela que era do interior, de uma "igreja pequena", queria fazer valer o seu direito (inclusive recomendado pela práxis batista) de ser membro da igreja mais próxima de sua casa. Mas, o pastor, orgulhoso que era de seu patrimônio eclesiástico e denominacional ficava postergando o pedido de carta, pensando consigo mesmo que a pobre mulher iria "se tocar" e esquecer da ideia de ser parte de sua membresia tão refinada. Essa atitude acabou entristecendo a irmãzinha que certa feita à beira de sua cama orava e perguntava ao Senhor Jesus: "porque eu não consigo entrar naquela igreja?". Qual não foi a sua surpresa quando o próprio Jesus respondeu: "Não se preocupe filha, eu também tenho tentado entrar naquela igreja há tanto tempo e não consigo!".

A verdade nua e cristalina é que a igreja é de Deus e não dos homens. Tenho crido e pregado há muito tempo que a gênese da igreja é Celestial, ela não pertence aos homens, às denominações, à sociedade em modo geral, mas ao Senhor! Eu creio que mesmo àquelas que são constrangidas em muitos dos nossos encontros, quando são consideradas "cartas fora do baralho" por não terem pessoal, renda e patrimônios, são observados pelo Senhor como jardins preciosos que aromatizam a terra com seu cheiro de graça e amor.

Por causa de preconceitos como esse, e tantos outros, que tomei a decisão de por um ano me afastar dos encontros denominacionais (exceto Retiro de Pastores em maio deste). Assumo para mim mesmo um "ano sabático" onde concentrarei esforços em meu ministério na igreja local, conferências em outras igrejas e ao projeto Haiti 2012. Não consigo me calar diante de um ambiente de intimidação, onde a lei do mais forte predomina, e eu não quero ser mais forte, ao contrário, fico cada vez a favor do fraco, com quem me identifico plenamente!

Tenho dito.

PS. Esse artigo é uma homenagem à Igreja Batista em Lídice, que completa aniversário esse mês, e que terei a honra de ministrar a Palavra do Senhor no dia 31 de março às 19:30.