terça-feira, 3 de julho de 2012

AFLIÇÃO MISSIONÁRIA!

"Agora me regozijo no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo, por meio do seu corpo, que é a igreja;". (Colossenses 1.24)

A essência da obra missionária é um espírito de entrega onde o que é "nosso" confunde-se com o que é do "outro". A história das missões está cheia de poderosos exemplos de homens e mulheres que permitiram-se queimar por inteiro por causa de um ideal: tornar o evangelho de Jesus conhecido!

Tenho tido fortes experiências com desafios missionários desde a minha adolescência quando meu pai foi missionário da nossa junta missionária batista no "Vale do Jequitinhonha", o mais pobre dos vales de nosso Brasil! Lá, em meio à pobreza e miséria o Senhor nunca deixou faltar em meu coração o senso de sacrifício que o ministério cristão exigia de quem se dedicasse em fazer a vontade de Deus. Logo, desde cedo aprendi que vida cristã não é colônia de férias, mas é luta, e das mais renhidas. Foi nesse tempo que eu aprendi aquilo que Amy Carmichael disse "missões é uma nova forma de morrer".

Não se faz missões quer seja perto ou longe, sem agonia na alma e forte senso de inadequação. Quem nunca experimentou fracassos não tem o coração forjado para entender que os sucessos na base de "conta gotas" que se tem no campo devem ser creditados para o Senhor Jesus e não para o obreiro! A obra de Deus tem dono, e ele não divide a sua glória com ninguém!

Mas o que quero pontuar a respeito do texto acima, e que me perturba, por ser um fato que esconde uma profunda verdade é que o nosso sofrimento não acrescenta em nada aquilo que Jesus fez pelos seus eleitos na cruz do Calvário, mas de um modo misteriosamente glorioso expande seus benefícios a todos que fazem parte do corpo de Cristo aqui na terra. Em outras palavras, a nossa inquietação decorrente da nossa humanidade, em nos sentirmos frágeis e empobrecidos em nossas almas no exercício de nossa missão de levar o amor de Deus ao mundo é como se fosse um veiculo para que a Graça de Deus alcance corações perdidos!

Logo, não podemos esperar facilidades, benesses, reconhecimentos e medalhas quando abraçamos o desejo de fazermos a vontade de Deus na entreta de nossas vidas à causa misionário. Pelo contrário, devemos bendizer a Deus pelo fato de estarmos enfrentando conflitos por dentro e oposições por fora, pelo simples fato de que esse sofrimento conduzirá outros a Jesus!

É nessa direção que John Piper diz acerca do sofrimento do apóstolo Paulo, que era "o desígnio de Deus para completar os sofrimentos de Cristo, tornando-os mais visíveis, e pessoais, e preciosos para aqueles por quem ele morreu".

Esse princípio acalma meu coração quando faltam 12 dias para o projeto missionário que liderarei no Haiti, onde percebo que ainda faltam recursos financeiros e temos ajustes a fazer em nossas almas. Encontro-me perturbado e ansioso, e no meu sofrimento expurgo minha autosuficiência, e declaro minha total carência do favor do Senhor em tudo que colocar as minhas mãos para fazer naqueles dias!

Que Deus tenha misericórdia de mim, e como é bom saber que ele usa até o meu sofrimento para expandir o seu Reino entre as nações!